Técnica: Acrílico s/ Tela | Dimensão: 59 X 42 cm | Ano: 2006
Deixamos o Lethes para trás, vencemos o rio e os temores. Agora vamos a ela. À Viana do Castelo, princesa do Lima, para conquistar o seu nobre coração e apreciar sua beleza inefável.
Lord Matthews
10-11-2006
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O meu primeiro quadro, baseado na lenda de viana:Na margem direita do rio Lima, mesmo junto à foz, erguia-se um burgo que, pela posição geográfica privilegiada e pelo conjunto do casario, começava a dar nas vistas.
Era a povoação de Átrio ou Adro.
(…) Ali vivia, por essa altura, uma linda rapariga.
Como tantas outras, talvez, pois em todas os traços finos e airosos da beleza helénica pareciam predominar.
Distinguia-se, contudo, essa a quem, por baptismo, fora dado o nome de Ana.
Alegre e desempoeirada, de feições delicadas, forte, roliça e de faces rosadas como morangos, há muito se tornara conhecida e cobiçada.
Inutilmente para muitos, pois a um só ela havia entregue o coração. Fora o feliz contemplado um moço, também por ali conhecido, mas muito mais na outra banda do rio onde morava.
Era barqueiro de água-arriba – com cargas e descargas de madeiras, pipos de vinho, sal, sacos de milho, de centeio e de feijão, ali no cais ou em Ponte de Lima, partindo, sempre que a carga pesava mais ao sabor da maré ou do vento, a fim de poupar esforço de braços, tanto a si como ao ajudante.
Nela pensava em horas de solidão, enquanto o barco deslizava sobre as águas do rio e os rouxinóis enchiam os ares de suaves melodias.
Amores profundos, da parte de um e doutro. Bem lhes apetecia passarem longas horas juntos e cedo unirem seus destinos.
Mas tudo tem seu tempo. E havia que esperar.
Fervilhava ele de impaciência e, ao chegar, a qualquer conhecido que avistava dirigia a perguntava:
- Viste Ana?
E não era raro o que lhe respondia:
- Sim, vi Ana.
Assim, à força de repetida, se impôs aos ouvidos de tantos aquela expressão: «Vi Ana».
E, em breve, surgiria o nome – Viana, para designar a terra onde ela habitava.
Esta teria sido, segundo a lenda, a origem do topónimo.
Francisco Pitta in Lendas e Tradições do Alto Minho