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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Bela Viana Adormecida

Técnica: Acrílico s/ Tela | Dimensão: 59 X 42 cm | Ano: 2006
Deixamos o Lethes para trás, vencemos o rio e os temores. Agora vamos a ela. À Viana do Castelo, princesa do Lima, para conquistar o seu nobre coração e apreciar sua beleza inefável.

Lord Matthews
10-11-2006

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O meu primeiro quadro, baseado na lenda de viana:

Na margem direita do rio Lima, mesmo junto à foz, erguia-se um burgo que, pela posição geográfica privilegiada e pelo conjunto do casario, começava a dar nas vistas.
Era a povoação de Átrio ou Adro.
(…) Ali vivia, por essa altura, uma linda rapariga.
Como tantas outras, talvez, pois em todas os traços finos e airosos da beleza helénica pareciam predominar.
Distinguia-se, contudo, essa a quem, por baptismo, fora dado o nome de Ana.
Alegre e desempoeirada, de feições delicadas, forte, roliça e de faces rosadas como morangos, há muito se tornara conhecida e cobiçada.
Inutilmente para muitos, pois a um só ela havia entregue o coração. Fora o feliz contemplado um moço, também por ali conhecido, mas muito mais na outra banda do rio onde morava.
Era barqueiro de água-arriba – com cargas e descargas de madeiras, pipos de vinho, sal, sacos de milho, de centeio e de feijão, ali no cais ou em Ponte de Lima, partindo, sempre que a carga pesava mais ao sabor da maré ou do vento, a fim de poupar esforço de braços, tanto a si como ao ajudante.
Nela pensava em horas de solidão, enquanto o barco deslizava sobre as águas do rio e os rouxinóis enchiam os ares de suaves melodias.
Amores profundos, da parte de um e doutro. Bem lhes apetecia passarem longas horas juntos e cedo unirem seus destinos.
Mas tudo tem seu tempo. E havia que esperar.
Fervilhava ele de impaciência e, ao chegar, a qualquer conhecido que avistava dirigia a perguntava:
- Viste Ana?
E não era raro o que lhe respondia:
- Sim, vi Ana.
Assim, à força de repetida, se impôs aos ouvidos de tantos aquela expressão: «Vi Ana».
E, em breve, surgiria o nome – Viana, para designar a terra onde ela habitava.
Esta teria sido, segundo a lenda, a origem do topónimo.

Francisco Pitta in Lendas e Tradições do Alto Minho

1 comentário:

  1. Ricardo, procurando uma imagem que combinasse com o poema ENTORPECIDA, achei esta pintura que acreditei ser o complemento para tal.
    Gostaria de pedir tua autorização para postá-la no blog *Vozes de Minha Alma* de minha autoria, bem como o poema e a imagem supracitada.
    Foi uma oportunidade para conhecer teu trabalho e através do meu post, linka-lo e divulgá-lo com os devidos créditos.
    Desde já agradeço, e deixo um fraterno abraço.

    Entorpecida

    Esta formosura entre as flores, delicada
    Com singeleza adormecida e refulgente
    No aconchego entre as rosas, enfeitada
    É uma beleza, desgraçada e inocente!

    É uma dor, que neste cândido momento
    Com os encantos divinais da alma flórea
    Com as belezas do mais puro sentimento
    Verto prantos malfadados desta história...

    Pois com sonhos de amor que acalentei
    E com as flores mais bonitas que ofertei
    E nos enlevos divinais e esfuziantes...

    Fiz preces pra adornar os teus caminhos
    Com amores, com lirismos e os carinhos
    E este amor mais profundo do que antes...

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